a Sobre o tempo que passa: Lançamento na quinta-feira, dia 31

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

28.3.05

Lançamento na quinta-feira, dia 31



Nós crescemos oitocentos anos e não saímos da infância. Ou já teremos decrescido tanto que chegámos ao infantilismo da velhice. Mas, nesse caso, do que precisamos não é de um país mas de um asilo

(Vergílio Ferreira, 1981)


Na próxima quinta-feira, dia 31 de Março, pelas 19 horas, na Biblioteca Municipal do Palácio Galveias, no Campo Pequeno, será lançado o segundo volume do meu "Tradição e Revolução", abrangendo o período que vai de 1910 a 2005. A edição cabe à Tribuna da História, de Pedro Avilez (351-213150438; tribunadahistoria@iol.pt). A apresentação do texto caberá ao Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Venho, por este meio, convidar os meus amigos e amigas a estarem presentes.

Neste segundo volume, abrangendo os períodos da I República, do Estado Novo e da chamada III República, do abrilismo a Sócrates, há uma introdução onde se tenta uma caracterização do Portugal contemporâneo, ou a tradução em calão do jacobinismo concentracionário; um elenco dos erros sem tragédia na constituição a que chegámos, ou a procura das leis fundamentais; a teoria do revolucionarismo permanecente, ou a procura frustrada da Idade de Ouro; o elenco da guerra civil fria, ou as sociedades secretas e a questão político-religiosa; e um balanço do compadrismo e da corrupção.

De resto, um império que já não há, uma língua que é futuro, dois regicídios, outros tantos magnicídios, três guerras civis, campanhas de ocupação e guerras coloniais em África, uma permanente guerra civil ideológica, três bandeiras, uma guerra mundial, seis constituições escritas, sete presidentes eleitos pelo povo, oito monarcas, a separação de nove Estados independentes e, muito domesticamente, quinze regimes, com duas monarquias e três repúblicas, sem que voltasse D. Sebastião, apesar dos heróis do mar e do nobre povo. Mais: oitenta eleições gerais, cento e vinte e tal governos, 13 233 dias de salazarquia, duzentas turbulências golpistas, cinco revoluções, outras tantas contra-revoluções, com restaurações, nostalgias, utopias e reviralhices. Oito dezenas e meia de chefes de governo, cerca de meio milhar de partidos e facções, várias congregações e outras tantas maçonarias, muitas fragmentações de um todo que resiste, com mais de cinco mil factos políticos seleccionados. E sempre a frustrada modernização de um Portugal Velho que quis ser reino unido e armilar, entre antigos regimes e jovens democracias. Graças à balança da Europa: desde El-rei Junot ao estado a que chegámos, com passagem por Évora-Monte, Gramido, Ultimatum, Grande Guerra, neutralidade colaborante, Vaticano, CIA, KGB e integração na CEE. Sobretudo, um povo sem rei nem lei e até sem sinais de nevoeiro.